O “estranhamento” até poderia ser justificado pela camisa branca brasileira, que a seleção não vestia em uma competição oficial desde a Copa América de 1953. Uma homenagem da CBF e sua fornecedora de material esportivo ao título sul-americano de 1919, há 100 anos.

Mas onde faltou cor mesmo foi no futebol do time de Tite. Os 15 minutos iniciais até foram animadores, com pressão e duas boas chances em bolas paradas. Depois disso, caiu o ritmo e também o ânimo da torcida. Melhora só no segundo tempo, depois de vaias no intervalo.

O caminho da vitória foi construído por Philippe Coutinho. Foram do meia do Barcelona o gol que abriu o placar, em pênalti marcado com o auxílio do VAR, e também o segundo, de cabeça, com assistência de Roberto Firmino. Depois, Everton ainda ampliou.

Gols que aliviaram o Brasil, que estreia com três pontos no grupo A da Copa América. Viaja com mais tranquilidade para Salvador, onde encara a Venezuela, na próxima terça-feira, às 21h30 (de Brasília), na Fonte Nova, pela segunda rodada da chave – que também tem o Peru.

Um bom início e mais nada

No primeiro tempo, o Brasil teve 76% de posse de bola, um recorde considerando os 45 minutos iniciais da seleção nas últimas três edições da Copa América. Um número sozinho, no entanto, que diz pouco, já que as principais chances saíram em bolas paradas.

Foi assim, por exemplo, aos dois minutos, quando o goleiro Lampe salvou a Bolívia no susto após escanteio. Também aos dez, com Thiago Silva subindo sozinho e cabeceando para fora.

Já a partir dos 25 minutos, era fácil perceber a insatisfação da torcida. Um erro de domínio de Filipe Luís, um passe errado de Coutinho... Motivos para reclamações. A torcida, tímida durante quase todo o primeiro tempo, só fez barulho mesmo no apito final, com vaias.

Enfim, festa

Talvez, a reação negativa da torcida não seja a explicação. Mas o Brasil voltou diferente para o segundo tempo. Determinação que fez o time chegar à área boliviana duas vezes em menos de dois minutos. Na segunda, com Richarlison, a bola bateu na mão de Jusino.

Inicialmente, o árbitro Nestor Pitana, argentino, deixou o jogo seguir, mas foi chamado pelo VAR. Ao rever a jogada no vídeo, marcou pênalti, que seria convertido por Coutinho.

Foi do meia também o segundo gol, menos de cinco minutos mais tarde. A jogada, novamente, saiu pelos lados, mas com Roberto Firmino, que fez cruzamento açucarado para o artilheiro da noite – pouco depois, o atacante seria substituído por Gabriel Jesus.

Foi outro reserva, contudo, que acabou ampliando para o Brasil. Everton entrou na vaga de David Neres e marcou um belo gol, aos 39 minutos. O gremista abriu espaço entre os defensores bolivianos e bateu sem chances para o goleiro Lampe.

E agora?

Com a vitória, o Brasil repete o que já havia feito em outras três das quatro vezes em que foi sede da Copa América. Também começou triunfando em 1919, 1949 e 1989 – a única exceção foi 1922, com um empate. Em todas as ocasiões, a seleção acabou campeã.

O próximo jogo da campanha é contra a Venezuela, que ainda faz sua estreia na Copa América neste sábado, às 16h (horário de Brasília), na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Em caso de vitória sobre os venezuelanos, o Brasil garante classificação, antes de fechar a primeira fase contra o Peru – o jogo acontece no dia 22, sábado, na Arena Corinthians, em São Paulo.

FICHA TÉCNICA;
BRASIL 3 X 0 BOLÍVIA

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 14 de junho de 2019, sexta-feira
Horário: 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Nestor Pitana (Argentina)
Assistentes: Hernán Maidana (Argentina) e Juan Belatti (Argentina)
VAR: Patrício Loustau (Argentina)
Público: 46.342 pagantes
Renda: R$ 22.476.630,00
Cartões amarelos: Coutinho (Brasil); Saucedo (Bolívia)
Gols: BRASIL: Philippe Coutinho, de pênalti, aos cinco e aos oito, e Éverton, aos 40 minutos do segundo tempo

BRASIL: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís; Casemiro, Fernandinho e Philippe Coutinho; Richarlison (Willian), Roberto Firmino (Gabriel Jesus) e David Neres (Éverton) Técnico: Tite

BOLÍVIA: Carlos Lampe; Diego Bejarano, Luis Haquin, Adrián Jusino e Marvin Bejarano; Leonel Justiniano, Fernando Saucedo (Diego Cruz), Raùl Castro (Ramiro Vaca) e Erwin Saavedra (Leonardo Vaca); Alejandro Chumacero e Marcelo Moreno Técnico: Eduardo Villegas