Por Redação
- 17/08/2018 21:16
Chamado por Tite para os amistosos da seleção brasileira em setembro contra Estados Unidos e El Salvador, Pedro é o artilheiro do Campeonato Brasileiro com 10 gols marcados e uma das maiores joias do Fluminense.
Antes disso, porém, o jovem de 21 anos enfrentou vários obstáculos na carreira e algumas decepções. Ele começou no futsal do River, passou no clube da empresa Light e foi reprovado em testes no Vasco e no Botafogo antes de ser aprovado no Flamengo. Após mudar-se para o futebol de campo foi mandado embora na Gávea depois de cinco anos.
"Ele foi dispensado no dia 1º de abril com alegação de baixa estatura. Ficou muito abalado, mas nós familiares nunca deixamos desistir, sempre demos todo o apoio para tentar conquistar o seu sonho", disse Maria Cristina Gomes de Abreu, mãe de Pedro, ao ESPN.com.br.
Ao lado do marido, Marcos Guilherme dos Santos, ela buscou ajuda médica para o filho.
"Ele fez algumas consultas num especialista em crescimento, quando ainda era do Flamengo, mas não demos sequência no tratamento. Acho que já sabíamos que a genética era boa. Cresceu na estatura, como homem e atleta. Hoje nos enche de orgulho."
Pedro ficou quase um ano parado fazendo testes em clubes, sem sucesso. Quando tinha 16 anos o seu irmão, Victor, pediu ao seu treinador que deixasse Pedro disputar um campeonato sub-20 da Série C carioca pelo Duque Caxiense.
"Desde os primeiros jogos ele foi fazendo muitos gols e jogadas diferenciadas. Eles foram campeões, o Pedro artilheiro do campeonato sendo o destaque nos dois jogos da final com 6 gols, sendo 4 no primeiro jogo e 2 no segundo. Após esta final, o empresário Márcio Giugni que assistia aos jogos, gostou muito do Pedro, avaliou que teria uma grande projeção no futebol , o levou para o Artsul, e logo após para o Fluminense", disse.
Ele ficou cerca de quatro meses em um período de testes antes de ser aprovado e inscrito nos torneios.
"Na sua primeira oportunidade, em um jogo oficial, entrou no segundo tempo e fez o gol do empate nos acréscimos, na semifinal do Carioca. O gol feito por ele levou a partida para os pênaltis, onde o Flu venceu. Foram campeões, sendo o primeiro titulo do Pedro na base. E a partir deste jogo ele começou a ganhar confiança da comissão e ter mais espaço no time. Foi campeão e artilheiro em diversos torneios no Brasil e no exterior", disse a mãe.
Ele passou pela categoria sub-17 antes de brilhar no sub-20 em Xerém. Foi campeão do Brasileiro de 2015 da categoria e anotou 32 gols em 2016.
Neste período foi chamado ao lado de outros meninos para completar os treinos da seleção brasileira principal na Granja Comary antes dos jogos contra a Bolívia e a Venezuela pelas Eliminatórias da Copa 2018.
"Ele voltou muito feliz dos treinos, dizendo que aprendeu bastante. Contou algumas historias, de momentos de descontração.. Recebeu elogios de alguns jogadores e da comissão. A gente via no olhar dele a felicidade por estar perto de jogadores da seleção brasileira que também é um sonho dele. Acho que, esses treinamentos, acenderam nele ainda mais a vontade de representar a seleção", contou.
Por todo este destaque, foi efetivado para o time principal. Ano passado foi reserva imediato do artilheiro Henrique Dourado e atuou 35 partidas e fez 7 gols.
Na primeira vez que balançou as redes pelo time tricolor, contra o Criciúma, ele fez uma comemoração reverenciando os torcedores, como uma forma de apresentar-se. O gesto virou sua marca registrada.
"A comemoração foi uma apresentação dele para a torcida, no dia do seu primeiro gol. Ele gostou, nós gostamos, e acreditamos que fará muitas vezes (risos)."
Com a saída do Ceifador para o Flamengo, o garoto virou titular absoluto. Desde então, foram 19 gols em 37 jogos.
"Tem sido maravilhoso ouvir no Maracanã a torcida cantando, "O Pedro vai te pegar! Chega a arrepiar. Tudo isso que ele vive, é fruto de muito trabalho e dedicação. Sempre foi muito humilde, nossa criação o fez ser assim, são valores que aprendeu desde pequeno."
O centroavante, que tem multa contratual de 50 milhões de euros (R$ 215 milhões), é cobiçado por vários clubes europeus e dificilmente permanecerá muito tempo nas Laranjeiras.
Veja mais trechos da entrevista com Maria Cristina Gomes de Abreu:
ESPN - Qual o jogador que ele admira?
O jogador que o Pedro mais admira e tem carinho é o Ibrahimovic, até por ter o mesmo estilo de jogo e porte físico. Sempre fala dele e, dentro de campo, claro, é uma inspiração. Fora o Pedro prefere ser o Pedro mesmo (risos).
ESPN - Como o Pedro começou no futebol?
Pedro e os seus irmãos Victor e Thaisa ficavam jogando bola dentro de casa e quebrando muitos objetos. Até que eu e o pai dele resolvemos levá-los para jogar futebol e fomos até a escolinha do Racinha, no River. O Pedro por ter apenas 4 anos e meio quase não foi aceito, pois o treinador dizia que por ser muito novinho não iria entender e obedecer aos comandos. Insistimos e o treinador deixou por uns dias para ver como seria o seu comportamento. Ele foi muito bem nos treinos. Logo após um campeonato da escolinha do River, foi chamado para ir para o Light, um clube no Grajaú, onde ficavam os melhores jogadores. Ganharam todos os campeonatos invictos no Chupetinha. O time titular contava com outros jogadores que hoje estão no profissional como o Douglas, agora no Corinthians, e o Bruno Cosendey, do Vasco.
ESPN - O Pedro aprontava muito quando era pequeno? O que ele gosta de fazer nas horas vagas?
Não aprontava muito, gostava de jogar bola dentro de casa e vídeo game só jogava futebol. Não podia perder no videogame que tirava o fio e não deixava ninguém mais jogar. Ele adora estar com a família, os amigos e sua namorada Yasmim. Jogar videogame, sinuca, ou até mesmo num churrasco. Ele é muito caseiro.
ESPN - Muitos clubes europeus estão atrás do Pedro? Até quando ele pretende ficar no Brasil?
Toda a parte de negociações ficam com os agentes. Recebemos apenas as sondagens e que o Márcio Giugni nos passa para avaliarmos em conjunto. Ele está muito feliz e focado no Fluminense. Não temos como mensurar neste momento até quando ficaremos no Brasil. Podemos dizer que estamos felizes e somos gratos a tudo que o Fluminense fez por nós e tem nos proporcionado.
ESPN - Que estilo musical ele curte e gênero de filme?
Sobre música, ele gosta de tudo um pouco, pagode (muito Ferrugem), funk, sertanejo, rap.. E filme comédia, motivacional, ação.
ESPN - Qual a maior tristeza que o Pedro viveu?
A maior tristeza acreditamos que tenha sido a sua primeira dispensa e o período que ficou em busca de um novo clube. Era novo, foi difícil, mas graças a Deus, conseguimos dar a volta por cima com o trabalho que o Márcio Giugni, da PGB SPORTS, realizou. O Márcio acreditou no Pedro e junto com a gente buscou uma nova oportunidade para o Pedro.
ESPN - Qual foi a maior alegria que o Pedro teve?
A maior alegria é ver o reconhecimento de todo o trabalho, ver torcedores de vários times parando para tirar fotos, pedindo autógrafos, nas redes sociais o apoio e carinho dos fãs, crianças fazendo a reverência quando fazem gols. Todo esse momento que ele está vivendo nos alegre demais pois lembramos das dificuldades que enfrentamos pra chegar até aqui. É o início de tudo e, com humildade e muito trabalho, como sempre foi, temos certeza que vai evoluir ainda mais.
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