RACIONAMENTO DE CG SÓ ACABA EM SETEMBRO - Transposição volta a ser interrompida e vazão não chega a 700 litros por segundos

Por Jacyara CristinaRedação Por Redação - 13/07/2017 15:04

 A informação é de Francisco Jácome Sarmento, Professor Doutor da UFPB, especialista em recursos hídricos. Ele monitorou o fornecimento de água do Eixo Leste para o açude de Boqueirão no período de 10 de junho último até esta quinta-feira (13). Concluiu que se a vazão permanecer nos níveis atuais o fim do racionamento em Campina Grande deve ser adiado para o final de setembro.

 

As observações, cálculos e estimativas do Professor Sarmento – transcritas adiante – foram repassadas hoje ao blog. No final de suas considerações, ele mostra porque Michel Temer inaugurou uma obra inconclusa quando esteve na Paraíba em 10 de maio deste ano.

Como prova do que afirma, Sarmento apresenta cópia de edital de licitação através da qual o governo pretende contratar empresa para concluir e corrigir defeitos das obras do Eixo Leste da Transposição. Que voltou a interromper seu fluxo de água rumo a Boqueirão no último dia 9.

O que diz Sarmento

Peguei os dados e fiz umas continhas bem simples que permitem saber quanto de água está entrando em Boqueirão, ainda que o valor obtido inclua águas do Eixo Leste e de uma ou outra chuvinha que cai na região. O período considerado foi apenas do dia da ruptura do Eixo Leste (10/06/2017) até hoje (13/07/2017). Na Tabela abaixo tem-se:

  • 1a. Coluna: a data;
  • 2a. Coluna: o volume acumulado em Boqueirão em metros cúbicos;
  • 3a. Coluna: o volume que entra diariamente no açude (transposição + uma outra água de chuva), já descontada a evaporação e a retirada de água para Campina Grande e outras cidades;
  • 4a. Coluna: trata-se dos volumes da 3a. coluna convertidos em vazão em litros por segundo.
DATA Volume Acumulado (m³) Volume que chega (m³) Vazão que chega (L/s)  
 
10/jun/17 25.133.000 293.000 3.391  
11/jun/17 25.427.000 294.000 3.403  
12/jun/17 25.672.000 245.000 2.836  
13/jun/17 25.867.000 195.000 2.257  
14/jun/17 26.063.000 196.000 2.269  
15/jun/17 26.283.000 220.000 2.546  
16/jun/17 26.512.000 229.000 2.650  
17/jun/17 26.683.000 171.000 1.979  
18/jun/17 26.797.000 114.000 1.319  
19/jun/17 26.854.000 57.000 660  
20/jun/17 26.911.000 57.000 660  
21/jun/17 26.910.000 0 0  
22/jun/17 26.970.000 0 0  
23/jun/17 26.970.000 0 0  
24/jun/17 27.140.000 170.000 1.968  
25/jun/17 27.310.000 170.000 1.968  
26/jun/17 27.480.000 170.000 1.968  
27/jun/17 27.650.000 170.000 1.968  
28/jun/17 27.820.000 170.000 1.968  
29/jun/17 28.000.000 180.000 2.083  
30/jun/17 28.170.000 170.000 1.968  
01/jul/17 28.450.000 280.000 3.241  
02/jul/17 28.680.000 230.000 2.662  
03/jul/17 28.910.000 230.000 2.662  
04/jul/17 29.020.000 110.000 1.273  
05/jul/17 29.190.000 170.000 1.968  
06/jul/17 29.310.000 120.000 1.389  
07/jul/17 29.420.000 110.000 1.273  
08/jul/17 29.540.000 120.000 1.389  
09/jul/17 29.540.000 0 0  
10/jul/17 29.650.000 110.000 1.273  
11/jul/17 29.710.000 60.000 694  
12/jul/17 29.760.000 50.000 579  
13/jul/17 29.820.000 60.000 694  

A Tabela acima evidencia fatos concretos:

1) Os reflexos do rompimento do Eixo Leste ocorrido no dia 10/06/2017 somente apareceram em Boqueirão nos dias 21, 22 e 23 de junho, quando o volume fornecido é zero. 

2) A transposição nunca chegou a fornecer sequer 4.500 L/s (quatro mil e quinhentos litros por segundo), muito menos os tais prometidos 9.000 L/s (nove mil litros por segundo). Isso nem no período retratado na Tabela acima nem ao longo de toda a sua operação.

3) Semana passada, mais precisamente em 9 de julho, mais uma vez há uma interrupção no fornecimento de água da transposição. Chequei com meus amigos, mas eles estão proibidos de falar. Mas o mais provável é que os problemas que apontamos na obra tenham voltado a ficar fora de controle. Note no dia 10 de julho houve um esboço de reação – a vazão sobe para 1.273 L/s (um mil duzentos e setenta e três litros por segundo), mas nos dias seguintes, até hoje (13), não chega a 700 L/s (setecentos litros por segundo).

4) Se a situação identificada no item 3) acima perdurar, o racionamento em Campina Grande somente poderá ser suspenso em 74 dias a contar de amanhã. Pois, conforme a Cagepa (e eles estão certos), o fim do racionamento somente ocorrerá quando Boqueirão chagar na casa do 34 milhões de m³. Hoje está com 29.820.000 m³ (tabela acima). Faltam portanto pouco mais de quatro milhões de m³. Se perdurarem os valores de fornecimento de água mostrado na Tabela acima para os últimos três dias o racionamento somente terminará em 74 dias, ou seja, 25 de setembro de 2017. Bom, antes tarde do que nunca.

5) A oscilação na vazão (ou no volume) fornecida, mostrada na tabela acima, é prova da precariedade da operação do projeto, que não consegue oferecer uma vazão firme e confiável.

Por fim, meu caro Rubens, veja abaixo mais uma confissão do próprio governo federal de que Temer inaugurou uma obra inconclusa. Trata-se de um Edital do Ministério da Integração licitando a pré-operação da transposição entre outros serviços. Ou seja, somente no dia 25 de julho serão abertas as propostas para contratação de uma empresa para realizar, não a operação do projeto, mas sim a pré-operação. É nessa chamada pré-operação que se cataloga todos os problemas para depois, resolvê-los, mediante ou não mais contratações. 

Não admira que a vazão fornecida oscile tanto e haja tanta fragilidade a ponto de interromper totalmente o fluxo de água

Saudações.

Francisco Sarmento



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