VEJA IMAGENS - Prefeito da cidade de Uiraúna guardou propina na cueca

Por Jacyara CristinaRedação Por Redação - 22/12/2019 01:41
De acordo com as investigações, propinas foram entregues e registradas pelo empresário George Ramalho.
De acordo com as investigações, propinas foram entregues e registradas pelo empresário George Ramalho.

 O Portal  teve acesso à representação entregue pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a Operação Pés de Barro, deflagrada neste sábado (21).

Nela, o prefeito de Uiraúna, João Bosco (PSDB), foi preso e o deputado federal Wilson Santiago (PTB) afastado. A PF chegou a pedir a prisão do parlamentar, mas o STF negou.

De acordo com as investigações, propinas foram entregues e registradas pelo empresário George Ramalho.

No dia 13 de setembro, houve a entrega de R$ 50 mil a Evani Ramalho. O recurso seria entregue ao prefeito João Bosco. Esse repasse aconteceu em um edifício de João Pessoa e foi registrado por áudio, como é possível observar na conversa a seguir:

George: Agora o seguinte, está o uma confusão da p*&* lá, só conseguir sacar 50.

Evani: Veja se consegue o restante amanhã.

George: Certo, eu vou tentar. Aó para não perder isso aqui, eu trouxe.

Evani, então, cobrou mais agilidade e rapidez nos encontros para as entregas das propinas.

Evani: Deixa eu lhe dizer qual o segredo dessa situação, é curto o prazo. Entendeu? A gente tem que aprender a ser curto prazo. Entendeu?

George: Estão reclamando muito?

Evani: O problema não é nos encontrarmos, e se falar, e demorar, essas coisas. Tem que ser curto prazo. Entedeu? Essas coisas tem que ser mais rápido, mais ágil. Entendeu? A gente está muito conversa longa, anda. A gente tem que ter cuidado com essas situações.

No dia 19 de setembro, o colaborador relatou a entrega de R$ 50 mil ao prefeito João Bosco em um hotel de Cajazeiras. O repasse foi filmado, como pode-se ver a seguir:

Bosco: você tem alguma coisa pra gente enrolar ele aí?

George: Tem o que?

Bosco: Alguma coisa pra enrolar ele. Tá dentro aí? George: tá

Bosco: Chamar ele aqui pra pegar.

Bosco: Quanto é que tem aqui?

George: 50

Bosco: Eu sabia de uns 100, que era da semana passada.

George: eu botei… é porque eu deixei 50 lá, aí ela pegou edisse que ia ver com você para deixar com Wilson. Aí, era 100 pra você. Eu deixei 50 com ela.

Também consta no inquérito que no dia 23 de setembro, o prefeito João Bosco recebeu R$ 20 mil em uma pousada na orla de Manaíra, em João Pessoa.

Um dia depois, houve o repasse de R$ 40 mil, desta vez na sede do PTB, partido de Wilson Santiago, em João Pessoa. Neste dia, foi gravada uma conversa entre o colaborador, Evani e Bosco.

George: Trouxe 40 e amanhã trago o resto

Evani: pronto, você vai vir sozinho para resolver isso?

Bosco: vou deixar lá no motorista.

Evani: pronto

George: quem é o gordinho?

Bosco: o gordinho é (inaudível) George: aquele gordinho que tava com você?

Bosco: foi. Vou dizer que tó aqui pra poder ficar mais perto de você

George: arranje uma bolsa pra doutora aí, que hoje eu esqueci, não trouxe sacola não.

No dia 25 de setembro, houve a entrega de R$ 40 mil a Evani , como é possível ver através dos diálogos.

George: Bote a bolsa aí, bote. Fica mais fácil. Isso aqui é de Júnior, não sei o que tem dele dentro.

Evani: Não está no envelope?

George: Sim, para gente deixar combinado.. não está no envelope não. Evani: HUm. A tá.

George: Vamos combinar uma coisa. Amanhã não vai ser possível, só vai ser na sexta.

Evani: Rapaz, faça isso não.

George: É, isso aqui e com sacrifício.

Evani: Então, sei não. Isso aqui eu vou levar lá para uma pessoa dele.

George: Vou ver o que faço. Eu arrecado dinheiro hoje, porque o saldo de amanhã só vou conseguir sacar na sexta. E aí?

Evani: aí.. aí é peso. Evani: bote ai dentro desse saco.

George: dez… olhe

Evani: não, não vou nem contar.

George: Você tem que contar. Porque depois está faltando. Não precisa você contar. Estou só mostrando.

Evani: pronto.

George: dez, vinte, trinta… Aqui está de cinco e cinco, certo?

Ainda em setembro, só que no dia 27, houve o repassse de R$ 60 mil para serem entregues ao deputado Wilson Santiago.

George: Sessente, quarenta, vinte, sessenta. Duzentos e cinquenta reais você não vai fazer questão?

Evani: faço, não é meu. Vai, me dá logo. Vou ser se Wilson me dá esses 150 pra eu botar gasolina para ir para pipa. (risos).

George: não acredito que… tão amarrado assim não?

Evani: ham?

George: modelo, não acredito que ele é tão amarrado assim não.

Evani: ham? Wilson. Vou dizer peça para o rapazinho lá devolver isso aqui, pelo menos eu, eu disse a Bosco: Bosco, vocês dois têm que, pelo menos, eu fico só fazendo para vocês, vocês só querem ganhar.

George: 250 reais. você vai fazer questão de 250 reais?

Evani: vai menino, eu vou pedir a Ana pra mim. Deixa de ser besta, vai, deixa de ser chato.

Em 03 de outubro, em um novo encontro na sede do PTB, foi registrada a entrega de R$ 25 mil e no dia 23 um outro repasse do mesmo valor a João Bosco, que foi colocado na cueca, como pode-se ver na imagem a seguir:


Também foram entregues R$ 50 mil ao secretário de Wilson, Israel Nunes, no aeroporto de Brasília. Veja os registros:

No dia 08 de novembro, Evani Ramalho recebeu, de acordo com o delator, R$ 50 mil para o prefeito João Bosco. Agentes da Polícia Federal acompanharam de forma velada o encontro. Veja:


Um novo repasse foi feito no Pão de Açucar, em João Pessoa. Veja:


Evani também recebeu uma sacola com R$ 50 mil, que foi colocada em seu carro, e seria entregue a Wilson Santiago.

Operação Pés de Barro

A Polícia Federal deflagrou, na manhã deste sábado (21), a Operação Pés de Barro que resultou na prisão do prefeito de Uiraúna João Bosco Nonato Fernandes (PSDB), além de busca, apreensão e afastamento do cargo do deputado federal Wilson Santiago (PTB). A ação foi determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de desarticular uma organização criminosa dedicada à realização de pagamentos ilícitos e superfaturamentos de obras no Sertão da Paraíba.

As ordens de busca e apreensão, prisão preventiva e suspensão do exercício de funções públicas foram expedidas pelo ministro Celso de Mello, STF, tendo em vista a previsão constitucional de foro por prerrogativa de função de um dos investigados, o qual ocupa o cargo de deputado federal.

Em nota, divulgada no final da manhã deste sábado, o deputado revelou ter sido surpreendido pela operação e acusou o delator George Ramalhode utilizar o princípio jurídico da delação para se favorecer e evitar condenação na Operação Feudo.

Confira a nota na íntegra:

Na manhã de hoje fomos surpreendidos por Operação da Polícia Federal. A operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho, o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe favorecesse na operação que foi alvo de prisão. O delator busca a todo momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e criminalizar o trabalho parlamentar.

Fica evidente, que o delator usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar condenação na Operação Feudo. Temos certeza que esse tipo ação criminosa será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém dessas práticas. Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a disposição da Justiça para colaborar em todo o processo.

Wilson Santiago
Deputado Federal

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