Colunista Josival Pereira

  • O Cidadania e os dilemas do governador João Azevedo

    24/10/2021

     Por Josival Pereira

    O Cidadania, através de seu presidente nacional, Roberto Freire, tem ampliado a faixa de autonomia do partido na Paraíba nas últimas horas. Pode quase tudo, incluindo montar palanque e votar em Lula. Só não pode apoiar e pedir votos para Bolsonaro.

    Casa perfeitamente com o que pensa o governador João Azevedo para as eleições de 2022. Visto assim, não tem problemas João Azevedo permanecer no Cidadania.

    Não é bem assim. O cenário parece propício, o governador paraibano gostaria de ficar no Cidadania – é o que tem manifestado no público e no privado -, mas tem óbices difíceis de serem superados.

    Começa que o Cidadania é uma legenda pequena e não dispõe de tempo de televisão para a propaganda nem de fundo eleitoral. A primeira parte se resolve com coligações. A segunda, não. O problema maior aqui é para os candidatos a deputado federal e deputado estadual. O governador ficaria praticamente impossibilitado de formar uma boa chapa partidária para as eleições parlamentares. Fica dependente de outras siglas.

    Outro problema tem sido a possibilidade de o Cidadania formar federação com o PV e com o PSDB. Roberto Freire admite essa união caso o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vença as prévias no PSDB e se torne candidato à Presidência.

    De imediato, o problema de maior dimensão seria o PSDB, que abriga a maior parte da oposição nos municípios do interior. Haveria impossibilidade de conciliação. Mesmo o governador ficando com o comando da federação no Estado, não teria como estabelecer controle nos municípios e acomodar os tucanos com os aliados firmados desde a campanha de 2018 ou conquistados durante o governo.

    Neste caso, a preferência seria não herdar a confusão política e migrar para outro partido.

    Com o PV, só haveria problema se o ex-prefeito Luciano Cartaxo decidisse permanecer na federação, que terá obrigatoriedade de se manter por quatro anos. Então, haverá uma eleição municipal no meio, em 2024, e, certamente, o governador João Azevedo já tem compromisso com o prefeito Cícero Lucena e Cartaxo quase não disfarça mais o desejo de voltar à Prefeitura. São interesses políticos de impossível conciliação.

    Por essas, dificilmente, o governador João Azevedo terá como ficar no Cidadania.

  • PP da Paraíba e de outros Estados impõem resistência à filiação de Bolsonaro, diz jornal

    29/09/2021

    Por Josival Pereira

    O PP da Paraíba e o deputado Aguinaldo Ribeiro estariam impondo resistência à filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido juntamente com lideranças de diversos outros Estados e de outras legendas. 

    A informação consta de reportagem publicada no jornal Extra, edição deste domingo, com o título “PP, Republicanos e PSL e PL impõem resistências a planos de filiação de Bolsonaro”. Os principais problemas ocorreriam nos Estados, onde as legendas já têm alianças adiantadas. 

    No caso específico do PP, segundo a reportagem, além de parte da legenda já se preparar para declarar apoio ao ex-presidente Lula,  Bolsonaro estaria encontrando resistência nos diretórios dos Estados nordestinos da Bahia, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. 

    Na matéria, existe um parágrafo que cita o deputado Aguinaldo Ribeiro: “Outro nome de destaque entre os que não são alinhados a Bolsonaro é Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), próximo ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). No início do ano, decidiu não apoiar o candidato do Planalto à presidência da Câmara, o colega de partido Arthur Lira. Ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff, Ribeiro é contra a entrada de Bolsonaro no partido”.

    Diálogo nos Estados

    Em relação ao PP, a reportagem mostra ainda que Bolsonaro teria dificuldades em entrar na legenda em São Paulo, onde o Progressistas integra o governo João Dória, e ainda de concretizar seu plano de ter o controle do partido para o filho Eduardo Bolsonaro. 

    Os próprios aliados de Bolsonaro no PP reconhecem que o partido tem uma característica de respeitar os diálogos regionais e conferir independência aos diretórios estaduais, o que dificultaria o alinhamento total com a campanha do atual presidente. 

    Julian Lemos

    Enumerando os problemas que o presidente Bolsonaro encontra para se filiar ao Republicanos, PL e PSL, a matéria do jornal Extra revela que, recentemente, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP), tentou convencer o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, a reabrir diálogo com o presidente da República em torno da possibilidade de seu retorno à legenda. 

    A notícia destaca que o diálogo não evoluiu e registra que o presidente regional do PSL, deputado Julian Lemos, reiterou que não abre mão do comando da legenda na Paraíba. 

    De acordo com a reportagem, o mais provável é que o senador Ciro Nogueira e o deputado Arthur Lira, diante os obstáculos nas legendas de maior dimensão, recomendem ao presidente Bolsonaro a se filiar em uma legenda de porte menor. Bolsonaro já informou que abriu diálogo com o ex-deputado José Maria Eymael, presidente do partido Democracia Cristã, o DC.

  • Pós 7 de setembro: repercussão e reações, vento e tempestade

    09/09/2021

     Era natural que os atos de protestos comandados pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 7 de setembro, tivessem repercussão. Talvez não se imaginasse que viesse no plural, como acabou ocorrendo durante toda a quarta-feira, e numa avalanche de reprovação ao presidente. 

    Na verdade, as reações começaram ainda na terça-feira à noite, com dois importantes partidos políticos – PSDB e PSD – anunciando reuniões ou a criação de comissão para discutir a adesão ao impeachment. 

    Na sequência, outras legendas também abriram discussão sobre a possibilidade de apoiar o pedido de impeachment do presidente. Foram o Solidariedade, MDB e o PDT.

    O PSL e o DEM, partidos da direita, repudiaram o tom do discurso de Bolsonaro e o PL mandou avisar que entregará os cargos se os ataques às instituições não cessarem. 

    A avaliação generalizada é que o presidente Jair Bolsonaro passou dos limites em seu ataque ao ministro Alexandre de Moraes (STF), contra o próprio Supremo e exagerou na perspectiva antidemocrática ao afirmar que não cumpriria algumas decisões da Justiça. 

    A insistência na condenação ao voto eletrônico também foi tomada como um ataque à democracia. 

    O discurso de Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, foi avaliado como crime de responsabilidade por diversos juristas. Acabou virando mote de articulação para apresentação de novo pedido de impeachment. Mais de 10 partidos já discutem o assunto, com a nova fundamentação jurídica. 

    O tom do discurso presidencial foi condenado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O presidente da Câmara, Arthur Lira, condenou a parte sobre as urnas eletrônicas e o radicalismo político, e até o procurador-geral, Augusto Aras, pediu moderação.

    O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) fez um pronunciamento incisivo em defesa do Poder Judiciário. Disse que ninguém derrubará o Supremo e que os ministros o sustentarão em pé. Sem citar nomes, fez referência ao suposto crime de responsabilidade cometido por Bolsonaro e remeteu ao Congresso a oportunidade do julgamento.

    No mercado financeiro, a bolsa caiu e o dólar disparou. 

    Não resta a menor dúvida de que a grandeza dos atos que tanto agradou ao bolsonarismo tiveram efeito contrário e parecem ter isolado cada vez mais o presidente politicamente. 

    A favor

    No dia seguinte, a favor do presidente, com repercussão, registre-se a permanência de um grupo de caminhoneiros na Esplanada dos Ministérios em Brasília querendo entrar no Senado pela pedir o impeachment dos 11 ministros do STF e o bloqueio de rodovias em 14 Estados por caminhoneiros. 

    Já se fala numa greve de caminhoneiros e em desabastecimento de combustíveis. O problema é que se o país paralisar e a economia for afetada, o governo pode também ser afetado.

    Além da intervenção da Polícia Rodoviária, o governo está garantindo que não haverá desabastecimento e o presidente da maior entidade de caminhoneiros, disse que impeachment de ministros não é pauta da categoria.

    Vento e tempestade

    A ressaca do Dia da Independência dá plena razão à sabedoria popular segundo a qual “quem semeia vento colhe tempestade”.

    Por Josival Pereira

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