Colunista Josival Pereira

  • Polêmica sobre Cabedelo prenuncia problema para PSB e Cícero Lucena

    07/07/2023

     Não se sabe se quando declarou, em Campina Grande, que o PSB exigiria reciprocidade de aliados do prefeito Cícero Lucena em Cabedelo para a disputa das eleições municipais de 2024, endossando a candidatura própria do ex-deputado Ricardo Barbosa, o governador João Azevedo tinha a noção de que estaria fazendo emergir problemas sobre sua aliança política em João Pessoa.

    Ao longo do tempo, o governador sempre fez questão de dar declarações assegurando não haver dúvidas ou problemas para a manutenção da aliança com o prefeito Cícero Lucena e com o PP, não permitindo o surgimento de quaisquer questionamentos entre assessores e aliados. Parecia mesmo que o governador agia para sufocar qualquer insurgência de manifestações de descontentamentos em relação ao acordo celebrado para as eleições de 2020 ou o surgimento de outros planos de candidatura. 

    Por tudo que já disse e pelas ações e atitudes, não há como duvidar da posição e disposição do governador em relação a manutenção do compromisso com o projeto de reeleição de Cícero. 

    Todavia, o apelo à reciprocidade em Cabedelo, talvez bem natural para governador, parece ter destravado problemas represados no seio do PSB. 

    A questão Cabedelo acabou se avolumando. O próprio governador João Azevedo já foi obrigado a abordar o assunto novamente, agora admitindo buscar unidade, mas reafirmando, na frente Cícero, nesta terça-feira (4/7), que haverá disputa onde não houver acordo. Cícero também já falou duas vezes sobra a questão. Numa, refratário, disse não haver regras para alianças em municípios diferentes; noutra, receptivo, disse defender a unidade com o PSB em Cabedelo.

    O prefeito Victor Hugo (Cabedelo) até já foi à público defender aliança com o PSB e o governador, mas fazendo duras críticas ao ex-deputado socialista Ricardo Barbosa.

    O presidente estadual do PSB, deputado Gervásio Filho, refutou a ideia da unidade com o grupo do prefeito Victor Hugo e cobrou reciprocidade direta do prefeito Cícero Lucena. Chegou a dizer que, em 2020, atendendo pedido direto de Cícero, o PSB deixou de lançar candidatos a deputado federal em João Pessoa para não atrapalhar Mersinho Lucena, tendo deixado de trabalhar para eleger dois deputados federais. O maior interessado, Ricardo Barbosa, também cobra a reciprocidade do grupo do prefeito Cícero Lucena e faz duras críticas ao prefeito Victor Hugo e o deputado federal Mersinho Lucena se manifesta afirmando que sua missão é unir novamente o governador João Azevedo e o prefeito Victor Hugo. De repente, bastante confusão onde, aparentemente, reinava a paz. 

    Parece um caso isolado, mas não é. Esse salseiro em Cabedelo talvez diga muito sobre João Pessoa. As cartas ainda não estão na mesa, mas, provavelmente, onde mais o PSB vá cobrar reciprocidade será na própria capital. 

    A reciprocidade em Cabedelo não é a única cobrança a Cícero. No início da semana, o presidente da legenda na capital, Tibério Limeira, adiantou que a aliança não será celebrada sem discussão prévia de um plano de governo para a segunda gestão. A questão é melindrosa porque pode acentuar divergências e não se chegar a entendimentos sobre muitos pontos. 

    A evidência clara, nesse momento, a partir desse ensaio de Cabedelo, é que a aliança entre PSB e PP para o projeto de reeleição em João Pessoa, não será tão pacífica quanto em 2020. Naquela quadra, Cícero procurava ansiosamente por um esquema político para ser candidato, João buscava um candidato e o PP queria crescer na capital. Houve a mais perfeita junção da fome com a vontade de comer. Quase nenhuma discussão, pouquíssimos compromissos. Agora não. A realidade é outra.

    Depois das eleições estaduais, o governador e o PSB estão fortalecidos; Cícero avalia que, no cargo, tem mais cacife, e o PP acredita que tem um trunfo para as articulações, que é o vice-governador Lucas Ribeiro. Todos ficaram meio bicudos. Então, há muito mais dificuldades para se beijarem, ou seja, para a satisfação de todos os interesses políticos. Os problemas podem estar apenas começando.

    Por Josival Pereira

  • Gervasio Filho, Cícero e 2024: pontos e contrapontos

    19/01/2023

     Uma declaração do presidente estadual do PSB, Gervasio Filho, no início da semana, numa entrevista ao jornalista Luís Torres, afirmando que seu partido teria candidato a prefeito em João Pessoa, acabou em polêmica, como quase tudo na Paraíba.

    O prefeito Cícero Lucena e alguns aliados enfrentaram a declaração de Gervasio com deboche, insinuando que ele estaria tocado de ciúmes por causa da relação do gestor municipal com o governador João Azevedo, que é do PSB.

    Outros resolveram trazer logo o governador para debate político, sugerindo ao presidente socialista que indagasse logo a João Azevedo se o PSB deveria lançar candidato ou se preferia manter a aliança com o prefeito Cícero Lucena para a disputa das eleições do próximo ano?

    No momento, muito provavelmente, o deputado Gervasio Filho ficaria em desvantagem, uma vez que existem manifestações do governador, logo após sua reeleição, reafirmando a aliança com Cícero e existe uma clara aproximação entre as duas gestões no anúncio de obras e serviços para a Capital. Observe-se, porém, que as declarações do presidente estadual do PSB não estão fora de propósito, considerando as disputas partidárias no Estado e no Brasil.

    O quadro que Gervasio está observando se desenhar é o de outros partidos se estruturando e ganhando força para as eleições de 2026 usando exatamente as eleições para prefeito como trampolim. São os casos do Progressista do prefeito Cícero Lucena, do Republicanos de Hugo Motta, do PSDB de Pedro Cunha Lima e Ruy Carneiro, e dos grupos do campo da direita conservadora. Todos planejam lançar candidatos a prefeito em João Pessoa e nas grandes cidades para acumular capital eleitoral para a disputa das próximas eleições estaduais. Óbvio.  

    E qual é a estratégia do PSB? O governador João Azevedo já não poderá disputar o governo. Poderá querer disputar uma vaga de senador. Sim, mas o partido vai simplesmente abrir mão de disputar o governo? E já de agora? O Progressista tem o vice-governador, que poderá assumir o governo e disputar o cargo maior, e quer manter a Prefeitura de João Pessoa. O Republicanos planeja disputar as Prefeituras da Capital, de Campina Grande, Patos e onde for possível? E o PSB vai disputar o quê?

    Para o governador João Azevedo, não será difícil se inserir, individualmente, nesse tabuleiro de disputas, se quiser ser candidato a senador. Pode contemplar o PSB. Mas, e se o governador decidir ficar no cargo até o fim do mandato, o PSB não vai lançar candidato a governador? E cadê os quadros? Não seria interessante testar e preparar nomes nas eleições municipais?

    Para o deputado Gervasio Filho, enquanto dirigente partidário, esses são os pontos e contrapontos a serem considerados. Se o PSB não se cuidar, vai chegar em 2026 com uma mão na frente e outra atrás, como diz um axioma da sabedoria antiga. Politicamente, é claro. Talvez Gervasio Filho não esteja com ciúmes nem querendo atrapalhar alianças. O problema é que o jogo para 2026 se anuncia bruto e muitos correm risco de desclassificação já na primeira fase.

    Por Josival Pereira

  • Mudança: sinais agora indicam que Aguinaldo deverá ser mesmo candidato a senador

    29/05/2022

     Por Josival Pereira

    A política na Paraíba não permite espaço para o tédio. Se na semana passada os sinais eram no sentido de que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, presidente do Progressistas, não seria candidato a senador na chapa do governador João Azevedo, a semana começa com outros indicadores.

    As notas mais recentes são de que, no fim de semana, tanto o deputado Aguinaldo Ribeiro quanto a senadora Daniella Ribeiro (irmã) teriam conversado com prefeitos e outras lideranças da base do Progressistas para apresentar a possibilidade da candidatura do jovem Lucas Ribeiro, vice-prefeito de Campina Grande, a deputado federal, com o devido pedido de apoio.

    Some-se a isso uma declaração do suplente de senador de Daniella, Diego Tavares, secretário de Gestão Governamental de João Pessoa, chamando Aguinaldo de “meu senador” e adiantando que poderia haver anúncio da decisão do parlamentar nesta semana que se inicia.

    Existem ainda repetidas manifestações do prefeito Cícero Lucena, nos últimos dias, assegurando que o desfecho da novela da candidatura de Aguinaldo está bem próximo e, até que se informe o contrário, na aliança com o governador João Azevedo.

    São três sinais que não podem ser desprezados, especialmente o que indica a candidatura do vice-prefeito Lucas Ribeiro a deputado federal. Se o sobrinho está entrando na pista federal é porque o tio (Aguinaldo) está saindo para disputar noutra raia (Senado).

    Além dos sinais, existem três informações importantes a serem levadas (muito) em consideração. A primeira é a confirmação de que, realmente, o prefeito Cícero Lucena bateu o pé contra qualquer alternativa para o Progressistas da Paraíba que não seja manter o acordo de aliança com o governador João Azevedo, celebrado nas eleições de 2020.

    As duas outras informações são, primeiro, que, agora, o deputado Aguinaldo Ribeiro estaria plenamente municiado de pesquisas internas e análises que conferem potencialidade à candidatura ao Senado e, depois, que consultorias jurídicas de Brasília avaliam ser impossível o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) reverter sua inelegibilidade.

    E o problema do apoio de líderes do Republicanos à candidatura de Efraim Filho (União) ao Senado? A avaliação dos consultores do Progressistas é que, além da pressão do governador, o apoio tenderia e se esvair com uma boa posição de Aguinaldo nas pesquisas mais à frente.

    Advirta-se, entretanto, que esse é o cenário que se apresenta hoje, concebido com as informações do fim de semana. Nada que não possa mudar a qualquer momento. Coisas da política da Paraíba.

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