Sob ataques, Zelensky permanece em Kiev: Não tenho medo de ninguém

Por Jacyara CristinaRedação Por Redação - 07/03/2022 20:25
Foto Reprodução
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“Não tenho medo de ninguém.” Com essas palavras, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou que tenha fugido de Kiev, capital ucraniana, em meio à guerra. 

Nesta segunda-feira (7/3), em pronunciamento gravado, Zelensky garantiu que está na Ucrânia.

“Eu fico em Kiev. Em Bankova [rua que abriga o palácio presidencial]. Não me escondendo. E não tenho medo de ninguém. Tanto quanto é preciso para vencer esta guerra”, frisou. Antes, ele negou uma oferta dos Estados Unidos para uma fuga.


Zelensky voltou a elogiar o esforço dos militares ucranianos, que chamou de “os heróis militares ucranianos”.

Cessar-fogo

 

O governo russo voltou a prometer um cessar-fogo temporário para a criação de “corredores verdes”, que são rotas de fuga humanitárias. Cinco cidades ucranianas terão esse tipo de zona, segundo a nova promessa.

Nesta segunda-feira, segundo a agência estatal russa RIA, o país planeja introduzir corredores em Kiev, a capital, Kharkiv, Chernigov, Sumy e Mariupol.

 

 
 
 

A agência estatal informou, citando o governo russo, que um “regime de silêncio” passará a valer a partir das 10h (local, 4h em Brasília) de 8 de março.

Após o anúncio, o embaixador da Ucrânia na Organização das Nações Unidas (ONU), Sergiy Kyslytsya, usou o seu discurso para criticar como a Rússia tem tratado o tema. Uma das principais queixas foi o país permitir a fuga somente para os territórios russo e bielorrusso.

“Os acordos foram feitos e quebrados. Já enviamos uma carta à Rússia. Peço que os russos voltem às regras anteriores para que os europeus possam receber os ucranianos refugiados”, reclamou.

Ele acrescentou. “Mais cidades e vilas foram atacadas pela Rússia. Estamos à beira de uma catástrofe humanitária. Muito prejuízos humanitários estão sendo causados e serão irreparáveis no futuro”, frisou.

 

Troca de acusações

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzya, voltou a negar que tropas russas estejam bombardeando civis na Ucrânia.

Nesta segunda-feira, em discurso na reunião do Conselho de Segurança, o representante do presidente Vladimir Putin afirmou que o país “segue com esforços diplomáticos”.

“A covardia de usar civis como escudo humano é imoral e viola o direito internacional. Armas foram colocadas em áreas de herança humanitária. A tortura de soldados russos também é uma violação”, criticou.

Ele voltou a falar que “nacionalistas e neonazistas” estão aumentando a violência na guerra. “Radicais ucranianos continuam com reféns”, frisou.

O grande ponto entre russos e ucranianos é o desrespeito aos “corredores verdes”, que são rotas humanitários de fuga. Na teoria, essas zonas não deveriam receber bombardeios.

“Ordem de emergência”

Mais cedo, a Ucrânia exigiu, também na ONU, uma “ordem de emergência” que interrompa imediatamente a guerra.

Nesta segunda-feira , durante a audiência da Corte Internacional de Justiça (CIJ), o representante ucraniano, Anton Korynevych, defendeu a medida.

“O fato de os assentos da Rússia estarem vazios fala alto. Eles não estão aqui neste tribunal: estão em um campo de batalha travando uma guerra agressiva contra meu país”, argumentou Korynevych.

A Rússia não enviou representante. O país comandado pelo presidente Vladimir Putin afirma que a Ucrânia estava cometendo “genocídio” ao defender a invasão, que começou em 24 de fevereiro.

“A operação militar especial” da Rússia é necessária “para proteger as pessoas que foram submetidas à intimidação e ao genocídio”, salientou Putin na última semana.

Korynevych pediu à Rússia que “deponha suas armas e apresente suas provas”.

Sem acordo

A terceira reunião entre russos e ucranianos terminou, mais uma vez, sem acordo de cessar-fogo. Negociadores dos países, no entanto, concordaram em “organizar” melhor os “corredores verdes”, que são rotas humanitárias de fuga

O encontro ocorreu em Belarus, país aliado do presidente russo, Vladimir Putin. A conversa começou pouco depois do meio-dia desta segunda-feira (7/3), pelo horário de Brasília.

Tropas russas

Autoridades norte-americanas de segurança calculam que a Rússia mantém 150 mil soldados no território ucraniano.

Nesta segunda-feira, segundo informações da agência internacional de notícias Reuters, um integrante da cúpula da defesa dos Estados Unidos apresentou a estimativa, sob condição de anonimato.

Os militares, antes mesmo da invasão, estavam na fronteira do país. O presidente russo, Vladimir Putin, justificava a presença sob a alegação de “exercícios militares”.

“Essa é a nossa melhor estimativa no momento”, disse o funcionário.

O Pentágono, órgão de defesa e segurança dos Estados Unidos, ordenou no fim de semana o envio de mais 500 soldados para a Europa. Ao todo, 100 mil estão no continente. Nenhum deles atuará em território ucraniano, que não faz parte da Otan.

Ainda nesta segunda-feira, Vladimir Medinsky, negociador do governo russo, acusou o Exército ucraniano de “sabotar” os “corredores verdes” – que são rotas de fuga, onde não deveriam haver ataques. A declaração ocorreu enquanto representantes da Rússia e da Ucrânia tentam, pela terceira vez, negociar um acordo de cessar-fogo.

Entenda

Tropas russas invadiram o território ucraniano em 24 de fevereiro. A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.

Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança.

O recrudescimento dos ataques – com mísseis, atentados contra usinas nucleares e bombardeios contra civis – fez a comunidade internacional impor sanções econômicas contra a Rússia.

Bancos do país comandado pelo presidente Vladimir Putin foram excluídos do sistema bancário global. Além disso, marcas e empresas suspenderam operações no país. O Banco Central e oligarcas russos, que são multimilionários, não podem realizar transações na Europa nem nos Estados Unidos.

Além disso, a Rússia sofre pressão político-diplomática. Entidades como a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram a invasão.

 



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