Colunista Demétrius Faustino

  • O desabafo de Flávio José e a música nordestina

    07/07/2023

     A melhor forma de entender um povo é olhar para a cultura dele. E no caso do Brasil, um exemplo clássico disso é a música nordestina, diversificada e representativa de diferentes origens que compõem a Região Nordeste.

    Considerado ritmo musical simples, sem muito refinamento, formado por pouco instrumentos e com raízes rurais, o forró também alcançou predomínio no mercado cultural quando esse ritmo se popularizou nos espaços das cidades nordestinas. E apesar das tensões sociais devido às reações contrárias a essa música popular, o forróque é uma expressão artística genuinamente nordestina,conquistava o público nacional.

    Ainda no caso do nordeste, e em especial na cidade de Campina Grande, enquanto esses notáveis populares ganhavam espaço nacional, difundindo em maior proporção a música nordestina, forrozeiros locais aproveitavam dessa boa aceitação do público para divulgar sua arte em ambientes mais luxuosos da cidade, como também, passavam a ser venerados pela camada social mais alta como ritmo contagiante e atraente.

    Entretanto, de uns tempos para cá, o processo de maior aparição de estilos musicais nesses eventos juninos, estão, cada vez mais, se misturando, e a música sertaneja tomou praticamente o espaço do forró, apesar deste ser um gênero, e aquele um estilo.

    Nem mesmo no período das festas juninas o mercado forrozeiro consegue superar a música sertaneja, em razão do gosto musical do brasileiro ter mudado muito nos últimos dez anos, e por se tratar de um período importante para a indústria da música, que passou por muitas transmutações como os investimentos em tecnologia e a forma de consumo.

    Foi-se o tempo em que os artistas forrozeiros regionais tinham seus lugares nos palcos, apesar de terem elevado o São João de Campina Grande ao patamar que hoje se encontra.

    Mas o incrível é que não ouvimos nenhum grito de indignação desses artistas de forma constante, há não serem Pernambuco onde alguns músicos de forró lançaram por meio das redes sociais uma campanha sobre o desconforto de sentir a vertente musical ser substituída por outro estilo, através da tag #DevolvaMeuSaoJoao, e agora, o desabafo doCantor Flávio José que, de forma implícita exigiu e defendeu uma manifestação cultural para valorizar os forrozeiros, ao fazer um desabafo após ter o horário de apresentação reduzido, no São João de Campina Grande.

    O artista aolamentar a redução de show em Campina Grande ainda disse mais: “coisas que a música nordestina sofre”.

    Lamentavelmente, há uma flagrante queda na produção da música nordestina, e muitos artistas populares defensores dessa música, foram esquecidos pelos meios de comunicação e pelasfestas inventadas.

    E o genuíno forró está sendo ignorado, a exemplo do plangente evento ocorrido em Campina Grande que cortou o show de Flávio José para antecipar o de um Gustavo Lima.

    João Pessoa, junho de 2023.

    Por Demetrius Fastino

  • Essa "Praga" vai passar

    19/05/2021

    Tudo ainda continua indecifrável e obscuro, pois o vírus invisível não é percebido pelos que não expressam sintomas, mas mata indistintamente. Começou matando os velhos, depois aqueles com comorbidade, e agora, jovens saudáveis.

    Mesmo assim ainda persiste as situações contraditórias, pois há os apavorados que têm medo até da própria sombra, seguem o distanciamento social à risca, lavam com álcool as compras e usam luvas até para ler jornal. Paradoxalmente, há as pessoas que não se importam com os resultados de seus atos, porquanto se aglomeram, e lançam salpicos de saliva sem guardar a mínima distância de segurança.

    A única certeza é que essa alongada constância da pandemia atinge profundamente a alma humana, franqueia a desumana divisão entre incluídos e excluídos, mas todos, sem ruptura da regra, submissos à indefinição.

    E para completar ainda tem o fato de que muitas pessoas nem sempre podem contar com a ajuda solidária na permanente procura de um sentido para a vida.

    Nesse aspecto, e para esquecer um pouco da praga desse vírus no planeta, é aconselhável leituras para quem gosta de ler, canto para quem canta, composição para quem compõe, fazer poesia para quem é poeta. Essas atitudes podem auxiliar a manter o rumo e a diminuir as instabilidades entre a aflição e o desespero, a sofreguidão.

    Ainda mais porque, cremos, a pandemia da Covid não é o fim da história. Ela tem mais a performance de ser uma espécie de teste, embora feroz demais para que a humanidade aprenda que a natureza suportou pacientemente nossa falta de organização e respeito por uns milhões de anos, e nesse momento parece não estar mais a fim de conter a onda.  

    Em momentos pretéritos, e para garantir nossa existência, tivemos que sacrificar outros animais. Posteriormente, sofismamos a agricultura, e extraímos da terra o que era dela. Depois fizemos uma revolução, ao concebermos máquinas para nos aliviar ou nos preparar para a imprescindível guerra. Assim sendo, interferimos no tempo e no espaço e o resultado foi poluir tudo. Nos restou explodirmos bombas para tirar a dúvida de quem tem mais vigor e merece ficar com o melhor pedaço do defunto planeta terra. Ou fazemos uma conciliação com a natureza ou é melhor desistir de sobreviver. 

    Assim como ninguém sabe quando e como vai passar essa praga no planeta, ninguém pode saber como será o mundo depois que ela for embora. Isso é, se ela um dia aceitar ir embora. Quantas cepas ainda se diversificarão por aí?

    Essa dificuldade de resposta persevera mesmo quando consideramos que existem oito vacinas que acautelam a doença e pelo menos 125 países e territórios que já começaram a imunizar suas populações. 

    Demétrius Faustino

  • DESORDEM INSTITUCIONAL

    09/03/2019

     Passou o carnaval e o governo Bolsonaro ainda não se deu conta do seu caráter parasitário e da sua desordem nadacondizente com o quesito administrar, pois até o momento só se vê bate-boca entre o pai presidente e os filhos parlamentares. Essa falta de ar puro, dmuita afobação e disse-me-disse, vai custar caro.

    Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardosodisse com toda a fala que “todo início de governo é desordenado, mas o atual está abusando”. Segundo FHC, os familiares do presidente não podem colocar “lenha na fogueira”, pois o fogo afeta o país.

    Ora, o filho mais velho Flávio Bolsonaro não tem nenhuma moral para se utilizar de ataques infundados, cujo objetivo precípuo é o de gerar notícias sensacionalistas, pois precisa mesmo é explicar sobre o escândalo de seu assessor Fabrício Queiroz, após o Coaf descobrir movimentações atípicas em suas contas; O Eduardo Bolsonaro, irrelevante como parlamentar, mas bom de ofensa,disse em bom som que para fechar o STF basta um cabo e um soldado, no que obrigou o Messias a pedir desculpas à Suprema Corte. Já o Flávio Bolsonaro chamou o ministro Gustavo Bebianno de mentiroso.

    Sem esquecer de alguns ministros, que vem causando vexames:

    escolhido para o cargo de ministro da Educação, o filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, que é um ferrenho crítico das idéias do pernambucano Paulo Freire, chamou os brasileiros de ladrões e disse que eles roubam até hotéis quando viajam ao exterior: O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esqueceu essa autoridade, que a terra dele é conhecida no mundo inteiro, apenas em razão do tráfico de drogas.

    O ministro disse ainda que vai acabar com as cotas e com a universidade pública; E ainda tem aquela estória de cantar o hino nacional nas escolas, pedir autorização dos pais para que seus filhos sejam filmados, e ao final pronunciar o slogan de campanha do seu Jairsó não conseguiu porque seu abuso de poder foi alvo de denúncia.

    A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse num vídeo que viralizou nas redes sociais, ter visto Jesus subindo numa goiabeira, e que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”. Ou seja, a ministra de Bolsonaro virou meme na internet.

    Outro desconhece personagens importantes da História do Brasil, quando não soube dizer quem foi Chico Mendes.

    E o pior: há quem outorgue a responsabilidade dos erros desse governo aos filhinhos do presidente, na tentativa de eximí-lo. Mas afinal, quem é o Chefe? Não é à toa que o vice Hamilton Mourão andou falando por  que o “presidente vai botar ordem na rapaziada”. Só não se sabe quem vai botar ordem no presidente né Mourão!

    Prá completar o firo, vem os áudios das conversas entre o presidente Jair Bolsonaro com o Gustavo Bebianno, onde o presidente se utiliza de desculpas desprovidas de lógica para demitir o ex-ministro, usando inclusive os filhos para criar um clima adequado.

    O fato é que, há uma crise política e administrativa nas hostes palacianas, e com isso, governar que é bom, nada.

    E essa última atitude do presidente em postar um vídeo em rede social com cenas em que o tweet considerou como de “conteúdo sensível”, e que gerou revolta entre internautas, foge dos termos da instituição presidência da República.

    Parece que o governo ainda não tomou posse, pois ainda está vivendo e aprendendo a jogar.

     Por Demétrius Faustino

Anterior - (1) 2 - Próxima