Banqueiros e corretores da bolsa dormem em escritórios para driblar quarentena contra Covid-19 em Xangai

Por Jacyara CristinaRedação Por Redação - 29/03/2022 16:06
Foto Reprodução
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 XANGAI — Mais de 20 mil banqueiros, corretores da bolsa e outros funcionários estão dormindo em torres de escritórios no distrito de Lujiazui, no centro financeiro de Xangai, enquanto tentam manter a bolsa de valores funcionando durante o bloqueio contra a Covid-19, que entrou em vigor no último domingo.

Corretoras, gestores de ativos e empresas que atuam na bolsa, e trabalham nas 285 torres de escritórios na cidade financeira de Lujiazui, em Pudong — a resposta da China à Wall Street americana — correram para convocar funcionários antes do bloqueio de segunda-feira em Xangai e prepararam sacos de dormir e suprimentos básicos para que os funcionários durmam no local.

O número de novos casos confirmados em Xangai atingiu 4.477 nesta terça-feira, um recorde, mas apenas 2,1% dos infectados apresentaram sintomas. A proporção de casos sintomáticos nos últimos sete dias foi de cerca de 1,6%.

Mas, em uma tentativa de manter a economia de Xangai,  onde vivem 26 milhões de pessoas,  em funcionamento, autoridades evitaram os confinamentos rígidos aplicados em outras cidades chinesas e, desta vez, optaram por restrições mais direcionadas e progressivas.

Um confinamento, em duas etapas, para realizar testes de Covid-19, está sendo feito durante um período de nove dias na cidade, que foi dividida em duas ao longo do rio Huangpu. A área confinada a partir de segunda-feira é o amplo distrito de Pudong, no leste, que inclui o principal aeroporto internacional e o gigante centro financeiro, que processou mais de 2.500 trilhões de yuans (US$ 292 trilhões) em transações financeiras no ano passado. 

Com a decisão, alguns escritórios adotaram turnos de duas equipes. A Amundi BOC Wealth Management disse que seus executivos, bem como os principais funcionários de investimento, negociação e gerenciamento de risco, estão trabalhando e dormindo em seus escritórios, para garantir operações comerciais tranquilas.

Já a Haitong Securities confirmou que seu presidente, Zhou Jie, organizou turnos de emergência no local  e em suas subsidiárias em Pudong na noite de domingo. Mais de 150 funcionários-chave foram convocados para trabalhar nos escritórios a partir de segunda-feira. A corretora também iniciou turnos de duas equipes entre suas duas áreas de escritórios, informou em seu site oficial.

A HFT Investment Management, empreendimento de fundos chinês do BNP Paribas, também colocou 52 trabalhadores em cargos-chave nos escritórios durante o período de bloqueio. Outra empresa, a Sinolink Securities, emitiu um aviso na noite de domingo, pedindo que seus funcionários de plantão voltassem correndo para a sede, em Pudong, antes da meia-noite, para "garantir a continuidade da operação e negociação do sistema", disse a corretora chinesa em seu site.

Um executivo de um banco estrangeiro em Xangai, que não quis ser identificado, disse que a empresa está funcionando em um modelo de trabalho híbrido, com alguns funcionários trabalhando e dormindo em um escritório de apoio em Puxi, na zona oeste da cidade, enquanto outros permanecem em uma sala de negociação em Pudong. Uma fonte de outro banco estrangeiro confirmou que a companhia está usando centros de recuperação de desastres há mais de uma semana, prática que deve continuar. 

A Bolsa de Valores de Xangai disse à Reuters que mantém equipes mínimas de funcionários em posições-chave dentro do local, enquanto outros trabalham em casa "em um arranjo projetado para minimizar os contatos humanos, garantindo a segurança das negociações".

Prateleiras vazias

Aeroportos, estações de trens e portos internacionais da cidade continuam funcionando, e as principais fábricas foram autorizadas a retomar as atividades após uma breve paralisação, segundo a imprensa estatal.

Alguns supermercados da cidade, no entanto, estavam com as prateleiras totalmente vazias nesta terça, enquanto os moradores corriam para abastecer as casas antes do fechamento dos estabelecimentos.

"Depois de não conseguir comprar nada esta manhã, voltei para dormir e sonhei que estava comprando comida no supermercado", escreveu um morador no Weibo, rede social chinesa similar ao Twitter. "Nunca teria pensado que, na sociedade atual, precisaria me preocupar com a compra de alimentos".

Vários centros de exposições de Xangai também foram transformados em centros de quarentena com leitos amontoados. Uma moradora, que revelou apenas o sobrenome, disse à AFP que estava em um desses locais, em Pudong, desde sábado, quando teve um teste positivo para a  Covid-19.

— As condições do centro de quarentena improvisado são bastante duras — desabafou Wang, relatando que 2.500 leitos de campanha estão na sala principal.

Nos últimos dois anos, a China conseguiu conter o coronavírus, em grande medida, com a aplicação de uma política de tolerância zero. A estratégia "covid zero" inclui confinamentos em larga escala de cidades e províncias, mesmo com um número reduzido de casos. Apesar disso, a variante Ômicron se espalhou no país rapidamente nos últimos dias. Há uma semana, o país registrou duas mortes por Covid-19, as primeiras em mais de um ano.



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