A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, apresentará um projeto de lei ao Congresso para antecipar as eleições gerais em dois anos, até abril de 2024, disse ela na manhã desta segunda-feira (12), em meio às tensões no país andino após a deposição do ex-presidente Pedro Castillo.
Boluarte foi empossada na semana passada depois que Castillo foi destituído pelo Congresso e preso por tentar dissolver a legislatura em um esforço para evitar um voto de confiança contra ele.
"Interpretando a vontade da cidadania (...) decidi tomar a iniciativa para alcançar um acordo com o Congresso da República para antecipar as eleições gerais para o mês de abril de 2024", disse Boluarte em uma mensagem à nação exibida na televisão nos primeiros minutos da segunda-feira.
Manifestantes peruanos são dispersados pela polícia em 11 de dezembro de 2022 — Foto: Martin Mejia/AP
A declaração de Boluarte de que apresentará o projeto de lei nos "próximos dias" ocorre depois que dois adolescentes foram mortos e quatro pessoas ficaram feridas no Peru no domingo, durante protestos exigindo que o país realizasse eleições gerais após a deposição de Castillo.
Os manifestantes, muitos deles partidários de Castillo, há dias exigem que o Peru realize eleições em vez de permitir que Boluarte permaneça no poder até 2026, quando o mandato de Castillo terminaria. Alguns manifestantes também pedem que o Congresso seja fechado.
Estado de emergência
Boluarte, que assumiu o governo na quarta-feira passada, após uma tentativa frustrada de golpe de Estado do então presidente Pedro Castillo, anunciou um estado de emergência nas áreas do país que registram protestos violentos.
"Com o mesmo sentido patriótico, anuncio a declaração de estado de emergência nas zonas de alto conflito social para recuperar pacificamente o controle da ordem interna", afirmou.
"Greve por tempo indeterminado"
Apoiadora de Castillo protesta na rua com bandeira do Peru na frente de batalhão policial — Foto: Martin Mejia/AP
Enquanto isso, sindicatos rurais e organizações representativas dos povos indígenas convocaram uma "greve por tempo indeterminado" a partir de terça-feira em apoio a Castillo, que vem de uma família de camponeses.
Eles exigem a suspensão do Congresso, a realização de eleições antecipadas e uma nova Constituição, assim como a libertação imediata de Castillo, segundo um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru, que reúne cerca uma dúzia de organizações.
A Frente Rural afirma que Castillo "não praticou um golpe de Estado" na quarta-feira, quando ele anunciou a suspensão do Congresso e disse que governaria por decreto, o que levou a sua destituição pelo Parlamento e a posse da até então vice-presidente Boluarte.
Apoiadores do ex-presidente peruano Pedro Castillo protestam nas ruas de Lima em 9 de dezembro de 2022 — Foto: Martin Mejia/AP
Em Lima, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo na tarde de domingo uma manifestação nas proximidades do Congresso em apoio a Castillo.
A capital do país sempre rejeitou Castillo, um professor rural e líder sindical que não tinha contato com as elites peruanas, enquanto as regiões andinas expressam apoio ao esquerdista desde as eleições de 2021.
O Congresso, dominado pela direita, suspendeu uma sessão na tarde de domingo para analisar a situação do país depois de uma briga entre dois deputados.
Pedro Castillo é preso após ser destituído da presidência do Per, nesta quarta-feira (7). — Foto: ADMINISTRACION DE JUSTICIA PERUANA / AFP
Castillo foi detido por sua própria equipe de segurança quando seguia para a embaixada do México para pedir asilo político. O Ministério Público o acusa de rebelião e conspiração. Ele já era investigado por corrupção.
Boluarte formou um governo no sábado com perfil independente e técnico, com o ex-procurador Pedro Angulo como primeiro-ministro.
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